quinta-feira, 28 de abril de 2011

Caranguejo no assobio?


Hoje nada de ônibus. Não estava cansada, nem pensando chegar logo em casa. Eu estava na praia. Sentada na minha cadeira e simplesmente agradecida por estar ali. Adoro praia, adoro olhar para o mar, sentir a areia no meu pé, e saber que posso a qualquer hora mergulhar para me refrescar, para me energizar.
Enquanto viajava em meus pensamentos, uma família ao meu lado falava sobre pescar caranguejo no assobio. Pelo jeito era tradição de família, eles contavam do dia que pegaram, ou melhor, pescaram 46, ou 57 caranguejos, na verdade não tinha um acordo sobre o número. Eu achei que era história de pescador querendo contar vantagens e fiquei curiosa para saber como funcionava aquilo de pescar com assobio, afinal uma boa pescaria precisa de vara, isca, anzol, linha.
Bom, nesse dia eles pescaram, ou pegaram, já estava um pouco confusa com o termo, 15. As histórias eram contadas enquanto cozinhavam os caranguejos para comerem na sequência.
Ressabiada que sou ainda não tinha entendido a tal técnica da família, até que o pai resolveu mostrar a filmagem que fizera naquela manhã. Não é que o tal assobio facilitava a “pescaria”. Na verdade eles faziam uma espécie de armadilha com um pedaço de madeira, e um arame na ponta, diria um laço de arame, e conforme alguém assobiava, o caranguejo aparecia e com a armadilha eles laçavam a patinha do bicho. Depois disso pegavam o caranguejo e colocavam no balde e quando acharam que tinha sido suficiente levaram tudo para casa, daí era só ferver com água e sal, e a caranguejada estava pronta. A receita não estava no filme, mas era repetida diversas vezes pelas pessoas da família.
E não é que a caranguejada ficou pronta e eles comemoraram o sucesso do assobio comendo os 15 caranguejos com limão. Quem sabe um dia eu experimento esse prato quem tem sabor de aventura.

domingo, 24 de abril de 2011

Novo dia

Hoje eu poderia postar qualquer história, mas por considerar um dia muito especial prefiro compartilhar duas fotos. Duas imagens que tirei em momentos bem diferentes, em lugares opostos - uma foi na praia e a outra na montanha -, e se completam. Eu acho que essas duas fotos se completam porque é preciso ter muita luz para olhar a vida. Não importa onde esteja,  o importante é encontrar um caminho para trilhar novas experiências, novos hábitos ou simplesmente para ver tudo diferente. Gosto de observar a vida e também do colorido de cada novo dia. Por isso escolhi, neste domingo de Páscoa, essas duas imagens para publicá-las aqui nas minhas Estantes da Vida, ou melhor, nesse Instante da Vida...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Direto da série melhor do que novela


Dutra congestionada. Ônibus lotado.  Dois ingredientes que pedem uma boa história, pelo menos era isso que eu queria escutar para passar os minutos mais rápidos. Sim, meu pedido foi atendido praticamente na sequência do meu pensamento.
Duas mulheres estavam em pé, perguntei se queriam que eu segurasse as bolsas e elas concordaram. Parecia que não se importavam em contar um assunto tão pessoal no meio de todos os passageiros. Elas trabalhavam juntas e um terceiro funcionário da empresa era o personagem dessa história. Na verdade, ele e a loira. A morena era mais uma cúmplice. A loira não era casada, mas o funcionário era.  “Mas sabe como é, o amor não pede passagem, ele já vem chegando”, dizia a loira para morena. Sim, ela estava amando, já tinha saído do estado de paixão. Os dois tinham um caso há mais de três anos. Eles combinavam de se encontrar diariamente numa praça não muito perto do trabalho para ninguém os ver. Os encontros eram sempre entre 6h30 e 7h para que às 8h30 eles chegassem sem levantar qualquer suspeita pelos seus colegas.  A morena já sabia do relacionamento e do grande dilema do casal. Ele não queria separar da esposa, ela queria ter mais tempo com ele. Pelo jeito esse era o assunto de todos os dias “o que eu faço amiga? Largo ele e toco minha vida?” antes que viesse a resposta ela completava “não sei o que fazer porque tenho certeza que ele é o amor da minha vida”.
A amiga pelo jeito já estava cansada desse lenga lenga e foi logo dizendo “já falei que ele até pode ser o amor da sua vida, mas você não é o da dele. Você é nova ainda, vai cuidar da sua vida ao invés de ficar mendigando amor desse homem que só está com você para apimentar o casamento dele”. “Nossa amiga, desse jeito não converso mais com você. Pensei que fosse me aconselhar a convencê-lo que ele deveria se separar, mas você vem me dizendo que ele não me ama”. A morena olhou bem para sua amiga e ficou quieta. Depois de 2 minutos de silêncio, a loira continua “então deixa eu te contar que ele me surpreendeu hoje, chegou com um presente para mim e foi tão lindo o nosso encontro na praça. Até que vi uma pessoa de outro departamento chegando e fiquei com medo de nos ver. Tivemos que ir embora um pouco mais cedo para ele me deixar na esquina de sempre. Sabe como é, se a rádio peão descobre será o nosso fim”.
Nesse momento elas pediram suas bolsas porque iam descer. Enquanto elas pegavam seus pertences, a morena disse “você não tem jeito mesmo, acabou de falar que não ia me contar mais nada e já está aí falando dele de novo”. Pelo jeito o olhar e o silêncio das duas por aqueles 2 minutos foram apenas para que a loira lembrasse mais uma história com o seu amado.  E antes delas descerem o celular tocou e escuto “oi amor, tudo certo para amanhã no nosso horário lá na pracinha?”

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Momento único

Essa foto captura um momento muito especial. Foi na igreja de Notre Dame. Agradeço sempre por ter conseguido essa imagem e pela oportunidade de conhecer um pouquinho do velho mundo!


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Um pesadelo na vida real


Dessa vez a história veio literalmente ao meu encontro. Cheguei ao ponto onde pegava o ônibus diariamente, no mesmo horário de sempre. Não estava muito cheio, alguns rostos conhecidos, outros nem tanto.
Um homem chamava atenção. Ele queria dinheiro, parecia alterado pela bebida. Eu nunca ando com dinheiro na carteira, sou do tipo que se precisar pegar outro ônibus caso não tenha passe fico a pé senão tiver um caixa eletrônico por perto. Não sou favorável dar dinheiro a mendigos e bêbados na rua, e sem nenhum tostão, fica mais difícil ainda ajudá-los.
Estava lá com o meu passe na mão esperando o ônibus para seguir adiante, quando o homem se aproximou de mim. Eu fiz que não tinha nada com a cabeça e ele continuo andando. Mas de repente o homem retornou e me abordou de novo. Quando fiz não com a cabeça, ele ficou bravo e começou a gesticular. Eu fui andando para trás, e parece que despertei a ira do moço que começou a gritar, eu achei que fosse um pesadelo. Só queria pegar um ônibus e quando me dou conta tem um bêbado gritando comigo porque não tenho dinheiro para dar a ele. Até que o pesadelo parecia piorar, o homem veio como se fosse me bater. Fui salva por alguns homens que acompanhavam a cena. Eles gritaram se ele estava louco e o seguraram.
Eu agradeci os meus heróis desconhecidos e fiquei atônita, tentando entender tudo aquilo. O ônibus chegou e eu agradeci imensamente poder sair de lá. Subi no ônibus, envergonhada, assustada e tentando entender o que acabara de acontecer.